O blog conferiu as grandes estreias dos últimos 40 dias e avalia as produções que tem atraído muita gente para as salas de exibição - algumas delas possíveis concorrentes ao Oscar.
GLADIADOR 2
Ridley Scott revisita o legado do comandante das tropas romanas Maximus (Russel Crowe) com a tarefa de reviver e fazer render o clássico de 24 anos atrás. Na continuação se destaca o talento de Paul Mescal que interpreta o agora adulto Lucius - o pequeno sobrinho do imperador no primeiro filme.
Devido ao seu sangue nobre e direito ao trono romano, após a morte de Maximus, Lucius foi levado para longe de Roma e criado como plebeu como forma de proteger sua identidade e vida. Muitos anos depois o destino o leva de volta à cidade eterna na condição de... Gladiador! A estória se repete levando o jovem herdeiro do trono romano a tornar-se atração do Coliseu até desestabilizar o reinado dos dois césares no comando de então.
Gladiador 2 é uma continuação que emula o filme de origem, muito bem feito, honesto com o público, mas lhe falta a poesia cinematográfica da produção do ano 2000. Vez por outra, como teria que ser, há a exibição de trechos e trilha sonora (com o canto belíssimo da australiana Lisa Gerard) do épico contemporâneo de Ridley Scott. Gladiador ganhou cinco Oscar entre eles Melhor Filme e Melhor Ator.
Apesar de contar um enredo novo, embora ligado ao vulto de Maximus, o filme busca firmar o personagem de Mescal como o novo herói da saga. A presença de Denzel Washington como vilão agrega muito, mas, como dissemos, tendemos a assistir à Gladiador 2 com saudosismo: encaramos a telona com o olhos do coração voltados para o passado.
NOTA: 4.5/5
WICKED
Sim! É um musical. São muitos números de canto e dança... Se não é sua praia, evite. Para além da cantoria, "Wicked - Parte 1" navega na onda da educação positiva e cultura woke para explicar porque Elphaba (Cynthia Erivo), a Bruxa Má do Oeste se tornou a grande vilã de "O Mágico de Oz".
"Wicked" se esforça em redimir a bruxa má por sua essência que ainda está em formação. Os acontecimentos nessa primeira parte da saga vão pavimentando o caminho para que Elphaba escolha ser uma proscrita por não concordar com as ideologias da universidade da magia onde todos os bruxos estudam.
Até lá, delicie-se com as gagues de Ariana Grande (Glinda, a Bruxa Boa do Norte) que mostra um lado pouco conhecido da grande cantora pop. A pequena se agiganta no papel de uma feiticeira gente boa, mas vazia e que sempre tenta estar no centro das atenção ao ajudar os outros.
Para além das escolhas narrativas, os efeitos especiais, figurinos e direção de arte, muitas vezes, se sobressaem à ação. O campo de papoulas reais plantadas uma a uma pela produção de arte e o trem construído para a cena são de deixar o queixo no chão. "Wicked - Parte 1" segue o roteiro do musical em cartaz na Broadway e se paga por ser isso mesmo: um grande musical com toda a pompa e circunstância exigem.
NOTA 3.5/5
AINDA ESTOU AQUI
É o filme do momento! Ao final da exibição tivemos a impressão de que se trata de um dos filmes mais hollywoodianos feitos no Brasil dos últimos tempos. Tudo no roteiro está no lugar certo.
Ao dar nome, sobrenome e rostos aos "herdeiros" da Ditadura e escolher a sobriedade e economia como fios condutores da narrativa e atuação dos atores, a produção nacional escolhida como possível representante do Brasil no Oscar 2025 prende e emociona justamente por focar na dor extrema: o desaparecimento de um pai de família levado pelos militares e tudo que a sua ausência devastadora provoca nos que ainda estão lá à sua espera.
Todos os aplausos e elogios á Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva, esposa de Rubens Paiva (Selton Melo), não conseguem abarca a honestidade e a entrega que a atriz apresenta. Mais uma vez, a sobriedade e a economia de Torres a ajuda a criar uma Eunice gigante na defesa dos filhos órfãos e incansável na busca pela paradeiro do marido - seja ele qual for.
A atuação de Fernandinha só não supera a de Fernandona na cena final quando Eunice aparece em idade bem avançada e doente. Montenegro está sentada em uma cadeira de rodas enquanto a câmera a prescruta. Como apenas um olhar, a grande dama das artes cênicas brasileira reforça porque foi injustiçada na premiação americana de 1999.
"Ainda Estou Aqui" é um dos três filmes, entre os 15 que concorrem à indicação para a escolha das vagas para o Oscar de Filme Internacional, que abordam a temática de ditaturas. Os outros dois são "Entrevista com o Ditador", do Camboja, e "12:12 O Dia", Coreia do Sul. O blog conferiu o primeiro e, sem sombra de dúvidas, pode não passar da pré-seleção. Temos chance!
NOTA 5/5
A GUERRA DOS ROHIRRIM
Para quem é fã da saga "O Senhor dos Anéis" e gosta de anime, a produção é um prato cheio. Para quem curte um ou o outro, idem. Mas para quem não curte nem um nem o outro, pode também ir sem medo.
O segredo para agradar todo mundo é simples: um roteiro milagroso que transpõe para a telona um fiapo de estória contada rapidamente entres a milhares de páginas nos livros de Tolkien.
A guerra do título começa quando Hera, filha do rei Helm Mão-de-Martelo rejeita Wulf, um jovem pretende de um reino aliado dos Rohirrim. Em uma discussão entre os pais do pretenso casal a violência escala. Mão-de-Martelo acaba por matar o pai de Wulf que jura vingar o assassinato de seu progenitor e o desprezo da princesa do reino dos cavalos.
Para além da beleza dos desenhos feitos à mão, a animação atrai por seu roteiro ágil e inteligente. Muita ação e escaramuças de ambos os lados deixam o público se retorcendo com a luta de Hera para defender seu povo encurralado pelas tropas de Wulf em uma fortaleza pretensamente instransponível.
Uma pena que "A Guerra dos Rohirrim" não tenha ido bem nas bilheterias mundo à fora. Como resultado, a produção - que merece mais atenção do público - estreia em breve no streaming. Por outro lado, pelo potencial da animação, possa alcançar o sucesso que merece nas plataformas digitais de vídeo - isso aconteceu com "Operação Natal", líder de audiência no Prime Vídeo depois de fracassar nos cinemas. Crítica e público estão realmente em lados opostos.
NOTA 4/5
KRAVEN
É nos primeiros minutos de exibição que se ganha o público... E, apesar de que a produção tem sido malhada pela crítica mundo à fora, não é que o filme vale o ingresso? Embora a SONY declarar que desistiu de continuar a contar estórias sobre os vilões do universo do Homem Aranha, as cenas de ação do filme do Caçador salvam o filme.
Kraven (Aaron Taylor-Johnson) é fruto de uma família liderada por um pai traficante internacional (Russel Crowe bem canastrão). Depois de ser atacado por um leão na África é salvo por uma poção mágica que lhe confere superpoderes.
O jovem russo, então, passa a usar sua força e habilidade descomunais para lutar contra uma organização criminosa internacional. E dá-lhe muita correria, pancadaria cenas de tirar o fôlego como quando Kraven segura um helicóptero com a ajuda de uma âncora e cordas...
A ação do filme é bem estruturada e isso a ajuda a manter o ritmo de tela e o interesse do espectador. O final surpreende e causa um certo incômodo de como Kraven resolve às mágoas do passado com seu pai torturador e criminoso. Final Shakespeariano...
NOTA 4/5
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